sábado, 25 de maio de 2013

Artigo: Adotar por amor e consciência

       Dias atrás, quando eu saía de uma sala de reuniões na Assembleia Legislativa, fui procurada por uma funcionária da Casa. Muito emocionada, ela queria me contar que estava para ser concluído o processo de adoção de um menino, disse o nome da criança e falou rapidamente sobre os planos da família para receber esse filho tão esperado. Admito que também me emocionei, diante da alegria daquela nova mãe. Fiquei feliz pelo fato de ter sido ágil o processo de adoção e também porque tenho percebido que, mesmo que ainda num ritmo lento, as pessoas estão rompendo preconceitos e compreendendo a importância de adotar.
     Desde antes de ser eleita para exercer o mandato de deputada, eu já defendia a adoção. Entendo que as crianças e adolescentes que, por alguma razão, foram afastadas de suas famílias biológicas, têm o direito de ter novos laços e crescer em um lar. Realmente não consigo compreender como a nossa sociedade pode avançar e todos ficarem tranquilos sabendo que há milhares de crianças que poderão chegar à idade adulta sem terem tido a oportunidade de receber o afeto de uma família.
    Com muita certeza da importância e, sobretudo, da necessidade dessa causa, me engajei na campanha “Adoção, Laços de Amor”, que foi realizada a partir de 2011 pela Assembleia Legislativa de Santa Catarina,  em parceria com o Ministério Público, Ordem dos Advogados do Brasil e Tribunal de Justiça. Através da campanha, pude aprofundar o relacionamento com grupos de adoção em diversas regiões do estado,  conhecer a realidade das casas de acolhimento, conversar com as famílias que pretendem adotar. Também intensifiquei o diálogo com representantes do Poder Judiciário sobre a tramitação dos casos de adoção.
      Das peças publicitárias produzidas pela campanha, lembro de uma menina que foi adotada e disse uma frase que marcou: “Você não precisa esperar um filho, você pode conhecer um filho”. Falas verdadeiras como essa mexem com a gente e devem estar presentes no 25 de maio, Dia Nacional da Adoção. Acredito que todos nós, que queremos um mundo mais humanizado, precisamos ter um olhar mais generoso para as crianças e adolescentes que esperam um dia serem escolhidos por uma família. É preciso questionar porque uns têm chances na vida e outros não. E também pensar sobre a responsabilidade do Estado, pois, muitas vezes, as famílias não recebem o auxílio no momento que necessitam, são desestruturadas e os filhos vão para os abrigos, longe do afeto familiar e à espera de construir outros laços.

                                                                       Ana Paula Lima

(artigo publicado na edição deste sábado no jornal Diário Catarinense)

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